domingo, 29 de novembro de 2020

Lamento de Tupã - Tupã e Anhangá no Bebedouro das Almas

 Aurora dos Tempos.


Um relâmpago despencou dentre as estrelas. Água jorrou acima da copa das árvores com o impacto dos corpos que caíram no rio. Os abutres sobre os galhos se afugentaram.


Debaixo da água à fervilhar, um dos corpos tentava se desvencilhar da mão que segurava-lhe o pescoço. O olhos de fogo em sua face pintada como uma caveira branca iam se apagando enquanto se debatia. Os abutres assistiam em galhos mais distantes e, debaixo deles, as almas entre os arbustos gemiam e assobiavam.


A água então parou de se agitar. Depois, de fervilhar. Somente uma fumaça subia dela.


- Você conheceu o ciclo da existência e dominou sobre ele - disse o deus forte e nu, com a mão ainda no pescoço do afogado - Nascer, crescer, envelhecer, morrer. Usou sua sabedoria para assombrar aos homens e atormentar os seres viventes, tirando-os do ciclo, levando-os à morte, trazendo-lhes agonia. Agora, eis aqui seu túmulo, onde o fogo de sua ira contra os homens não mais arderá.


Um relâmpago se formou em meio as águas, e o deus que recitara aquelas palavras, cuja face ficara oculta na penumbra daquela noite, retornou para os céus.


As almas em redor que gemiam, gemeram mais alto. As que assobiavam, assobiaram mais agudo. E correram, sedentas, até a água do rio onde o cadáver jazia.


Um farfalhar de folhas denunciou o retorno dos abutres, que trouxeram consigo corujas e urubus. O funeral havia terminado. E daquele dia em diante, o rio seria conhecido como Anhangabaú, o bebedouro das assombrações.

...


São Paulo, Março de 1949


O relógio do edifício Mappin batia meia-noite. Djaru, que chegara desapressadamente pouco antes, parou sobre o Viaduto do Chá. Arriou no chão o balaio cilindrico que trazia por uma alça de couro e, na 12° baladada do relógio, tirou de dentro um vaso de barro no mesmo formato do balaio.


Não demorou para que eles surgissem, vindo de ambos os lados do viaduto. Trôpegos, acinzentados e rotos, se aproximavam entre gemidos e grunidos. Djaru desembocou o vaso e se afastou, se sentando ao meio fio enquanto tirava o chapéu de palha de aba larga que cobria sua cabeça. Enquanto os mirumbundos bebiam, o índio abriu a sacola artesanal que trazia consigo, sacando de dentro dela um longo colar de contas negras, redondas e idênticas. Dedilhou-as sem pressa.


Após beberem da água dentro do vaso, as almas se dispersaram em silêncio. Com o Viaduto deserto, Djaru se levantou, serenamente como chegara, indo em direção ao vaso. Guardou-o no balaio e o pôs de volta às costas. Depois, desceu o viaduto, recordando a conversa que tivera horas antes.


Pedi tua presença, e tu veio por mim...- ela saudou.


 Djaru tentava manter os sentidos ao ouvir aquela voz, diante da deusa de olhos verdes que emergiu da piscina de água natural.


- Deixei tua prenda na entrada – respondeu ele.


- E já te permitirei encher o vaso. Mas há outra coisa...


 Janaína caminhou nua pelo oásis artificial ao redor da piscina, exibindo a exuberancia curvilínea de seus quadris e seios.


- Te ouço – disse Djaru, tentando desviar das curvas, dos seios e dos quadris dela. Os cabelos de Janaina moviam-se sozinhos, como se ela ainda estivesse dentro da água, e era para neles que o índio se concentrava.


- Três Almas violaram meu lago e apavoraram minhas Vizitas. Estavam descontrolados pela Sede. Tive que gritar para lançá-los fora…


- Vou guiá-los – prometeu Djaru, que voltou a si quando chegou ao terreno baldio.


Adentrando pela trilha ladeada por árvores, chegou à oca no centro do terreno. Lá dentro, pendurou o colar de contas na parede e estendeu uma esteira ao chão, sobre a qual se sentou. Depois, encheu uma cumbuca com água, colocando-a diante de si. Por fim, sacou de dentro da bolsa um chocalho e um cachimbo, passando então a selecionar ervas.


Aceso o cachimbo, ele tragou demoradamente. A fumaça encheu a oca. Depois, assobiou na frente da água.


- Vosmicês que invadiram a Lagoa da Iara, eu os chamo!


Ele assobiou mais três vezes, e as Almas Penadas se aproximaram do terreno baldio. Cambaleavam entre as árvores na direção da oca, que resplandecia diante daqueles olhos mortos.


Djaru, por sua vez, abriu seus próprios olhos. Rotos e acinzentados, um deles tinha o braço evidentemente quebrado, além de um buraco no peito. O outro, nariz e maxilar deslocados. O terceiro, o crânio esmagado.


Djaru se preparava para recitar uma oração diante da água, mas deteve-se com uma respiração pesada de ira. Via nítidamente o sangue vívido e fresco nas mãos deles. Com os dentes cerrados, o índio se pôs de pé e chutou a cumbuca de água, sacando depois o chocalho. O Cântico Fúnebre que entoou em seguida foi concluido com um movimento de braço, cruzando diagonalmente o ar com o chocalho que segurava.


As Almas Penadas gritaram, setindo um rimbombar em seus ouvidos, e viram Djaru de pé acima deles na oca, enquanto desabavam imediatamente no Inferno.


...


2 horas antes


 A estação foi tomada pela fumaça quando o trem parou. Djaru olhou para o relógio pendurado na parede, conferindo ser 23:06. Dos vagões, primeiro saíram os passageiros, alguns sonolentos, outros neuroticamente agitados, todos desorientados, olhando em volta. Só então saiu o Maquinista: sujeito pálido de nariz pontudo inumanemente longo, péle enrugada e manchas vermelho-sangue no uniforme.


- Sempre pontual – disse o Maquinista, sorrindo com poucos dentes amarelados. 


 - Vindo de ‘ocê’ é um elogio – respondeu Djaru.


 - É o meu trabalho.


 - Cada um de nós tem seu “trabaio”. Trouxe a encomenda?


 O Maquinista abriu ainda mais aquele sorriso de dentes amarelados.


 - Claro! 


 Ele caminhou até o último dos vagões. Voltou logo, trazendo uma rústica garrafa de vidro tapada com rolha de madeira, com um líquido dourado dentro. Entregou-a a Djaru.


 - O Curupira está na cidade... - revelou o Maquinista, enquanto Djaru guardava a garrafa dentro de sua bolsa 


 Ele moveu gravemente os olhos de sua sacola para o Maquinista:


 - Qual dentre eles? - perguntou.


O Maquinista riu, e sua risada fez com que os pássaros do outro lado do trilho fugissem dos galhos das árvores onde repousavam:


 - Eu não disse “um dos Curupira” – respondeu ele, mancando em direção  a Djaru - Nem disse “um dos Kaapuã”. Eu disse “O” Curupira.


Djaru meneava lentamente a cabeça, franzindo a testa:


- Mas o que ele fez para ser condenado? – perguntou.


- Nada. - o Maquinista se virou para retornar à locomotiva - Veio por contra própria.


- E por que ‘ocê’ o trouxe?


- Você mesmo disse – respondeu o Maquinista, pela janela da locomotiva – “Trabalho!”.


A fumaça se dissipava, e entre mais risadas, a locomotiva começava a se mover. Ninguém havia embarcado. Na estação, só havia Djaru, de pé ao lado do balaio que trouxera nas costas, observando o trem ir embora.


...


3 horas depois


 O arranha-céu tinha somente a lua sobre si. O topo do agonizante Edifício Martinelli, outrora imponente em meio à megalópole, exibia toda a cidade dos homens.


 Dajru caminhou pelos decadentes cômodos daquele terraço, com a luz da lua a mostrar-lhe os corredores e as frestas sem portas nem janelas. A mesma luz lançou contra a parede sua silhueta de manta, chapéu de palha e colar de sementes de jabuticaba.


 Ele acendeu um lampião, e a luz amarela, feia e artificial, iluminou o cômodo abandonado, revelando, nas paredes, pinturas rupestres em giz vermelho. Parando diante do gigantesco ninho que estava encostado na parede oposta à porta, o homem pôs a mão em sua sacola, tirando dela a garrafa com líquido dourado. Deixou-a diante do ninho e, de costas, se retirou do cômodo. Por fim, apagou o lampião. Esperou.


O barulho da rolha sendo retirada o fez fechar os olhos. E o som de um corpo caindo na palha o fez respirar aliviado.



sábado, 28 de novembro de 2020

Lamento de Tupã - Jací e a Criação do Mundo: Segredos sob o Céu

A jabuticabeira estava finalmente plantada. Terminado o trabalho, ele se sentou junto ao tronco: podia, enfim, contemplar a Criação.

Mas aqueles olhos, cansados tanto quanto santisfeitos, foram lentamente tosquenejando, não importava o quanto tentava mantê-los abertos. Quando o corpo acomodou-se junto ao tronco da jabuticabeira, os olhos flamejantes, cada vez mais pesados, não resistiram.

Assim que ele dormiu, o fogo foi ocultado pelas pálpebras, e a terra caiu em trevas. Os bichos se escolheram em meio ao breu e as folhas, tão jovens, sufocaram.

A Criação gemeu de medo e, dentre as estrelas, ela ouviu.

Descendo dos céus até a mata, ela procurou por entre as árvores, não tardando a encontrar o homem nu e de pele dourada dormindo junto a jabuticabeira. O brilho flamejante daquele corpo foi refletido pelos olhos e cabelos da donzela, reluzindo em prata diante de toda a Criação.

Os peixes foram então reconfortados e as folhas, enfim, respiraram.

Com a mão acariciando-lhe o rosto, ele acordou. Boquiaberto, olhava para os lábios delicados e seios atrevidos da donzela que, admirando-lhe o viril peitoral, detinha-se em sua boca. Num ímpeto, ela se lançou sobre ele, acomodando-se em sua ereta genitália enquanto segurava-o pelos cabelos.

A paixão do beijo que se seguiu os fez arder.

Ele ofegava, ela gemia. A penetração estremeceu a terra com o mover dos corpos, e a Primeira Montanha formou-se com vento da líbido dos amantes.

- NÃO! - a negativa dele fez chorar todos os pássaros da Criação.

- Guaraci, meu amor! - ela suplicou, após ser tirada de sobre seu amante.

- Você não pode suportar meu calor – disse ele, subindo ao céu com lágrimas a descer pelos olhos – e a Criação necessita de ti.

Ela também chorou, contemplando o céu. Ouvindo-a, as feras e os pássaros vieram consolá-la, enquanto as folhas caiam sobre seus cabelos, louvando silenciosamente por aquela que fora a Noite Primeva.
...

Minas Gerais, 1937.

- Quem será uma hora dessas? - murmurou dona Gestrudez, ao ouvir o toque da campainha.

Abriu a porta, Recuando diante da mulher de feições delicadas e longos cabelos negros. Ela adentrou, olhando em redor na sala de paredes brancas e tons dorados enquanto Dona Gertrudez segurava, pasmad,a a maçaneta.

A recém-chegada caminhou por entre a mobília nobre da sala num vestido prata justíssimo que marcava-lhe o corpo torneado.

No rádio, tocava Chão de Estrelas.

-Você fará um favor para mim – disse a mulher, depois de parar diante de um quadro na parede onde figurava Dona Gertrudez, ainda jovem e vestida de noiva, ao lado de um homem de smoking.

- Que? – Dona Gertrudez ainda segurava a maçaneta da porta.

- Você comprará um imóvel abandonado na Cidade de Serafins. Lá, construirá uma casa de repouso, contratando médicos e enfermeiros. Haverá um único quarto, para um único hóspede.

Dona Gertrudes, franzindo a testa, suspirou antes de refazer a primeira frase que lhe viera à mente:

- Quem será este hóspede?

A mulher passou a contemplar o relógio, que marcava meia-noite em ponto.

-Apenas construa – respondeu ela – o hóspede se apresentará a você, voluntariamente.

A dona do casarão meneava lentamente a cabeça:

- E eu vou pagar pela estadia desta pessoa? – perguntou ela.

- Não. E a pessoa ficará somente duas semanas. Depois, irá embora, mas esteja atenta ao seu retorno.

A anfitriã viu a mulher se retirando em direção ao quintal, com a Lua Crescente sobre si. Olhando de forma blasé por cima do ombro, a visitante concluiu:

- Mais uma coisa. Você terá de inaugurar a casa de repouso e receber seu paciente na última noite da Lua Cheia, assim que concluir as obras. Tão logo o sol se ponha.

A mulher atravessou o jardim e saiu pelo pequeno portão, desapareceu virando a esquina, debaixo do olhar de D. Gertrudes, ainda de pé junto à porta e segurando a maçaneta.

...

Dona Gertrudes ouvia outra balada triste no rádio ao lado da cama, junto do qual ficavam um cópo com água e comprimidos para dormir. Madrugada após madrugada era a mesma coisa:

- Quem é aquela mulher? Que estanho pedido era aquele? Como não consigo tirar isso da minha cabela? - se perguntava.

Quando o sol raiou, tomou uma decisão. Foi até uma corretora de imóveis e começou a agilizar a compra do imóvel. Chegou em casa cansada como nunca, deitando-se na cama e, finalmente, após dias, dormiu. Dormiu como há muito não dormia. Em doces sonhos, dançava e bebia com seu falecido marido.

Assim se passaram as semanas. Conforme a obra se aprontava, os sonhos se tornavam cada vez mais intensos.

A última Lua Cheia se aproximava.
...

O sol se punha. dona Gertrudez esparava em frente à casa de repouso, entre lojas, boutiques e cafés da movimentada rua de Serafins. Junto a ela, enfermeiros e uma cuidadora.

- Me informe as horas, por favor - pedou Dona Gertrudez a um dos enfermeiros.

Ele não respondeu a tempo. As luzes dos postes foram todas se acendendo, e veio um Chevrolet - 1915 vermelho sangue pela rua molhada devido a chuva que caíra durante o dia.

Dona Gertruzes arregalou os olhos quando viu a mulher que havia lhe procurado semanas atrás no banco elevado da parte de trás do carro. Ela vinha entre dois belos rapazes de smoking branco e flores-de-maio adornando o bolso de seus paletós. Beijava a ambos, mordiscando seus lábios entre gargalhadas e doses de champanhe que tomavam nas taças de cristal que traziam nas mãos.

O carro logo estacionou diante a casa de repouso. Auxiliada pelo motorista, a mulher desceu, afetada no andar, segurando parte do justíssimo vestido vermelho que trajava. 

- Então? – perguntou ela, com sorriso aos lábios e voz embriagada – onde fica meu quarto?

A cuidadora a acompanhou para dentro da casa, cuja porta ficou aberta. E, do lado de fora, Dona Gertrudez observava a cena, boaquiaberta, iluminada pelas lamparinas da rua e pela tênue Lua Cheia no céu.



Lamento de Tupã: Um Prólogo

São Paulo, 1949.

Isabela arfou quando se sentou na cadeira. Levou uma das mãos ao ombro direito, enfaixado como também seu dorso nu. Depois, se voltou para a máquina de escrever diante de si, pondo-se a datilografar:

Caro professor Strauss:

Escrevo estas linhas a fim de concluir meu relato sobre a experiência na Caverna das Amendoeiras. Considerando suas constantes advertências acerca do que considera ser excessiva credulidade minha, ressalto, com veemência, que as letras a seguir são a tradução mais direta que pude expressar de tudo que eu mesma ví e ouvi.”

A mulher pegou o caro cigarro parisiense sobre a mesa. Levou-o aos lábios e tragou saborosamente. Prosseguiu:

Os desdobramentos daquele inusitado trabalho de campo me trouxeram, para minha surpresa, da selva matogressense à São Paulo. Imagino que o senhor acompanhou, pelos jornais e pelo rádio, a catástrofe que se abateu sobre esta metrópole onde viveu e lecionou. Adianto-lhe, por esta razão, que, com exceção de escoriações já medicadas, estou bem.

Ela relaxou na cadeira, suspirando mais uma vez devido ao ombro direito. Tragou de novo o cigarro e se levantou em seguida, lançando um hobby de seda sobre seu corpo tatuado. Caminhou na direção da varanda do requintado quarto de hotel onde estava hospedada, contemplando a cidade: até onde a vista alcançava, via carros quebrados, bondes batidos, postes caídos e quarteirões inteiros sem energia elétrica.

A maior cidade dos homens agonizava debaixo de lama, lixo e água. Isabela deu outra tragada no cigarro, buscando alivio para o ombro e palavras convincentes para o que havia de relatar.


O flash da máquina fotográfica iluminou a igreja e o corpo do padre, ao chão e sob os pés do rapaz magro de jaleco branco:

- Parece ter havido luta – relatava o jovem ao senhor de bigode de morsa e casacão bege parado do seu lado – há marcas de tiros no teto. O assassino trespassou a vítima com objeto perfurante que parece ser uma lança, mas nenhum tiro o atingiu. As senhoras que vieram rezar ficaram chocadas ao chegarem e verem a cena. Não há suspeitos: as demais pessoas interrogadas só tinham elogios ao pároco, e não mencionaram nenhum desafeto.

- ‘Porca miséria’! – exclamou o velho, metendo a mão por baixo do chapéu para coçar a própria cabeça – E os documentos dele?

- Mão há nada na casa paroquial sobre o tal padre. Documentos pessoais, fotos de família, nada.

- O assassino pode ter levado?

- Não há marcas de arrombamento, nem de que as gavetas foram mexidas. Também não foi levado nada de valor.

- Então o padre não tem documentos, nem nada que o identifique?

- Bem, ele é famoso no bairro...todos gostam do Padre Honório.

- Ok, mas...nada sobre ele em forma de documentos?

- Não, senhor.

- ‘Porca miséria!’

- O que faremos senhor?

Gulliver, o velho Inspetor, olhou em volta enquanto coçava de novo a cabeça. Depois, estalou o dedo, chamando o homem que tirava fotos do local do crime.

- Recolha tudo. Por hora, lacre o local e voltemos para a Inspetoria.

Os policiais terminaram o serviço e entraram na viatura, deixando uma fita zebrada nos portões da igreja. Foram embora sem notar o homem que, abrigado debaixo de uma marquise do outro lado da rua junto a um vaso de barro, protegia-se do frio com uma manta de pinturas tribais. O chapéu de palha com abas largas impediria visão de seu rosto, mas as chamas do cachimbo que aquele homem acendeu revelaram o semblante preocupado em seu rosto.


Francisco acordou com o cheiro do lixo invadindo seu nariz. Se levantou, recostando o ombro numa das parede daquele beco escuro enquanto tapava os olhos diante das luzes de neon do outro lado da rua.

Seu estômago roncava. A lufada do vento noturno, que soprou pelo beco, o fez perceber estar sem camisa por baixo do roto paletó branco que vestia. Apalpando o próprio peito, sentiu uma cicatriz cortando seu lado esquerdo.

O estômago roncou de novo.

O que aconteceu comigo? - perguntava-se ele.



Os Segredos sob a terra (cont.)

 Isabela se aproximava da Caverna das Amendoeiras, vindo pelo matagal de folhas escuras e secas. Os quatro caçadores que a escoltaram até al...