- São aqueles? – perguntou o homem de cabelos grisalhos e terno escuro alinhado, que acendia um cigarro.
- Sim senhor – respondeu o negro imponente de terno branco igualmente alinhado, acabando de chegar ao escritório do galpão.
De lá era possível ver os quatro candidatos próximos a uma mesa. O homem de terno branco então prosseguiu, lendo uma pasta com o símbolo da Polícia Civil em suas mãos:
– O sujeito negro de coturno, camiseta branca e cartucheira montando as metralhadoras é um ex-armeiro da PM. O cafajeste em terno riscado de giz, cabelo com brilhantina e bigode fino é um golpista que conhece as entranhas da boêmia. E a morena de cabelos encaracolados tatuagem de vitória régia que exibe na coxa pela fresta do vestido é uma especialista em venenos, usando sua pequena farmácia como fachada.
- Perfeito – respondeu o homem de cabelos grisalhos - incorpore-os como Agentes Extranumerários.
O subalterno retrucou:
- Mas, Doutor, são marginais! Um foi expulso por abuso de poder policial, e os outros dois poderiam, se levantássemos as provas, ser presos agora: ele por contravenção, ela por ser cúmplice de assassinato!
O homem de cabelos grisalhos pegou a pasta que o homem negro lera, colocando-a debaixo do braço.
- É por isso que não mandei colocá-los como Efetivos – respondeu o Delegado, retirando-se do local.