terça-feira, 9 de julho de 2013

Quem é Fenícia?

Chamuscadas, as paredes do imponente prédio da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil escondiam corredores destruídos por chamas e encharcados devido a água despejada pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Do lado de fora, na rua, as vitimas recebiam atendimento ali mesmo, embora alguns alunos e professores, por precaução, tivessem se dirigido ao hospital.
Ao redor, a população observava, estupefata, o fim do monumental incêndio.
         O que a população não sabia era que o incêndio foi criminoso. Segundo o relatório do Capitão do Corpo de Bombeiros, a provocante mulher de cabelos vermelhos que incendiou pontos estratégicos do prédio para transformá-lo num inferno em chamas sabia exatamente o que estava fazendo.
Os bombeiros tiveram trabalho para contê-la. Conforme foi apurado, ela derrotou facilmente os dois seguranças do prédio que tentaram barrar sua entrada ao notarem seus trajes indecorosos de mulher da boemia. E foi somente após alguns bombeiros caírem ao chão que, num golpe de sorte e pelas costas da mulher - que parecia furiosa gritando e fazendo um escândalo - o referido capitão conseguiu derrubá-la com uma pancada na cabeça.
Quando a polícia foi chamada, o Inspetor Calistro - homem elegante de cabelos negros que parecem estar sempre molhados, fala serene e meticulosa, e jeitos excessivamente delicados – algemou  a bela mulher de cabelos vermelhos e vestido preto provocante, trazendo amarrado no pescoço um lenço amarelo. Ela estava desacordada, e foi colocada no banco de trás da viatura.
E qual foi a surpresa do Capitão Bombeiro e do Inspetor Calistro quando um dos alunos do Curso de Direito chamou-os discretamente num canto e esclareceu o porquê daquele ocorrido.
Após o referido inspetor, isolado por outros policiais, falar com o pai do estudante em um telefone público, o capitão tratou de arquivar as anotações que fez sobre do incêndio: ninguém poderia saber que ele foi proposital, muito menos que a causadora fora a tal mulher. Ao chegar a imprensa, o capitão mentiu dizendo que um acidente causou todo aquele problema. Enquanto isso, Calistro ordenou que quatro guardas levassem a moça para dentro de uma viatura.

...

                - Então, como agente faz? – perguntou um dos policiais após abrir a viatura e dar de cara com a mulher desacordada e algemada, mas não sem antes olhar em volta para perceber que não há ninguém por perto daquele estreito beco do centro da cidade.
                - Tira ela de dentro da viatura e dá um tiro na cabeça – respondeu o comandante da patrulha, homem gordo e baixo, de bigode de morsa e farda encardida que exalava cheiro de suor.
              - Do jeito que você fala parece fácil, né Batata? – disse outro dos policiais, falando em voz alta o nome do referido comandante.
          - Não diga meu nome, imbecil – respondeu o tal Batata, falando baixo ao policial que dissera seu nome e segurando-o pelo colarinho da farda – tirem-na daí, rápido! – ordenou ele.
               Dois guardas então colocaram a moça deitada numa posição onde poderia ser puxada para fora e depois segura por ambos. O fato de ela estar desacordada deixava o trabalho mais complicado.
                Mas, infelizmente para os guardas, ela não estava mais desacordada.
O chute certeiro no queixo do guarda que a puxava e iria pegá-la pelos quadris a fim de erguer seu corpo nocauteia-o imediatamente. De forma ágil, a despeito de suas mãos estarem algemadas para trás, ela ergueu-se. Desferiu então graciosamente, com suas belas pernas, um chute de capoeira na virilha de outro guarda (fazendo-o cair de joelhos), outro no rosto do terceiro policial (nocauteando-o após) e completando a sequencia ao empurrar guarda que estava de joelhos devido a dor, golpeando-o com seu pé calçado de salto agulha.
Apavorado e surpreendido, Batata sacou o revolver e disparou sem atingir a moça, que por sua vez corria em sua direção. Ela então saltou apoiando um de seus pés numa das paredes do beco estreito e desarmou o policial com um chute desferido pelo outro pé. Ao cair, desferiu-lhe uma rasteira deixando Batata caído e desmoralizado ao chão.
Os quatro policiais estavam nocauteados. Calmamente, ela pegou a chave das algemas no bolso de Batata, não sem antes chutar-lhe o rosto para impedir qualquer revide. Tomou então um isqueiro que trazia consigo e um pedaço de jornal velho ao chão.
Abriu a entrada de combustível da viatura.
O carro incendiou e depois explodiu, por pouco não ferindo aos quatro policiais derrotados, enquanto a bela dos cabelos vermelhos se retirou dali caminhando de forma lasciva e provocante, mas com seus olhos transbordando desejo de vingança.



Continua...

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