Vampiros Barrocos, obra que escreví a dois anos. Divido uma palhinha com vocês

O exuberante vitral do Todo-Poderoso não lançava suas cores rubras, amarelas, brancas e vermelhas sobre os seis serafins, feitos de pedra sabão e em posição de ardorosa adoração. Nem sobre o outro Serafim, que, num pedestal mais elevado, curvava-se para conceder uma chama em sua mão - representada por um rubi da Índia - ao profeta Isaías, cuja imagem também feita de pedra sabão e estava prostrada diante do arrebatador vitral.

"No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas de seu manto enchiam o templo. Os serafins estavam acima dele, cada um tinha seis asas. Com duas cobriam seus rostos, com duas cobriam seus pés e com duas voavam. E clamavam uns aos outros dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia de sua glória. Os umbrais das portas se moveram com a voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim, que vou perecendo! Por que eu sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios, e meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exércitos! Mas um dos serafins voou para mim trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz. Com ela tocou minha boca, e disse: Vê, isto tocou teus lábios, e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado.”

Isaias capitulo 6, versos 1-7. É isto que o pátio e o vitral expressavam.

Nada disso chamava a atenção da moça pálida de olheiras profundas, olhos azuis e vestido branco, com uma coroa de rosas brancas na cabeça adornando seus lindos e longos cabelos negros. Ela andava por entre as imagens do pátio da Igreja que, por ser no alto de um morro, lhe permitia contemplar as luzes da cidade ao longe.

Seu coração não batia dentro do peito frio e sem vida. Mas, se ainda pudesse bater, certamente estaria celerado por devido a espera...